quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Doença Celíaca

Esta alteração auto-imune do nosso organismo é causada pela intolerância ao glúten (gliadina e a glutenina). Esta proteína está presente no trigo, centeio, aveia e cevada (inclusive malte), desta forma, a alimentação das pessoas acometidas por esta doença torna-se seu maior desafio.
Esta doença ataca principalmente os cílios intestinais, diminuindo sua capacidade de absorção, incluindo a de vitaminas e minerais, desencadeando seu principal sintoma que é a diarréia crônica com eliminação de gordura, seguida de perda de peso. Segundo a Associação dos Celíacos do Brasil (Acelbra), sua descoberta normalmente é feita ainda na fase infantil, em média até os 3 anos de idade, podendo, entretanto, surgir em qualquer idade.
Uma pesquisa feita no Hospital da Universidade de Brasília-UnB com 1686 crianças e adolescentes no ano de 2000 mostrou que 1 a cada 281 pacientes eram portadores desta pré-disposição. Este dado confirma as estatísticas que aproximam para 1% da população mundial de celíacos.
O único tratamento para esta doença é a retirada total do glúten da alimentação e sua possível substituição por substâncias alternativas, sendo a quinoa atualmente a mais utilizada neste processo. Um estudo feito na University of Milan mostrou que celíacos consumidores de farinha de quinoa no lugar de outros cereais alternativos tiverem melhores indices triglicérides, resposta glicêmica, insulinêmica, além de níveis de saciedade da fome maiores.
Há alguns estudos em andamento, realizado por uma mestranda da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG que relaciona uma doença dentária a doença celíaca. Análises feitas na universidade mostraram que, a hipoplasia dental (presença de manchas no esmalte de dente) está presente com maior frequencia em pacientes que possuem doença celíaca (88,2% dos celíacos a possuem). A ocorrencia de hipoplasia dental é 12,5 vezes maior em celíacos. Como funtamento para a pesquisa, notou-se que a extinção total do glúten da alimentação destas pessoas, resultou no desaparecimento total dos sintomas. Se confirmada a relação entre estas duas doenças, o seu diagnóstico precoce ajudará os médicos a iniciarem o tratamento cada vez mais cedo.
O diagnóstico é feito através de exames de sangue, baseando-se na positividade de testes de anti-endomísio e o teste de anti-transglutaminase. Porém, a confirmação sempre deverá ser feita através da biopsia (retirada de uma porção da área a ser analisada) da mucosa intestinal e da endoscopia digestiva.
Mecanismo:
Anti-transglutaminase: A Transglutaminase tecidual (tTG) é uma enzima catalisadora de proteína,dependente de cálcio, e que está sendo identificada como a principal auto-antigeno da doença celíaca. A tTG tem função de reparação tecidual e atua na matriz extra-celular. A gliadina, proteína do trigo, funciona como substrato para a reação de transglutaminase, deste modo, quando há lesão tecidual da mucosa intestinal (local onde se encontra a enzima) não tratada, como na doença celíaca, há um aumento nos níveis de tTG, produzindo anticorpos IgA anti-transglutaminase, caracterizando a doença.
Anti-endomísio: Endomíso é uma bainha de fibrilas reticulares que envolvem as fibras da musculatura lisa. Quando um paciente com doença celíaca ingere glúten, inicia uma formação de anticorpos IgA e IgG anti-endomísio, detectados no exame para tal doença. Quando se inicia a dieta livre de glúten, este padrão é controlado e volta a níveis normais.
Estudos feitos no Centro Médico da Universidade de Vrije, em Amesterdã, mostraram que suplementação de Vitamina B pode levar à diminuição de problemas vasculares em portadores de doença celíaca. A deficiência de Vitamina B12, Vitamina B6 e folato, podem desenvolver níveis excessivos de homocisteína, um aminoácido associado a doenças vasculares.
Foram feitos testes com 51adultos portadores da doença. Neste, 25 pacientes ingeriam doses diárias de suplemento de vitamina B, o restante continuou sob observação a níveis normais, ambos com total restrição ao glúten. Foi constatado que os adultos que ingeriram vitaminas B tiveram maiores índices de Vitamina B12, Vitamina B6 e folato. Nestes também foram constatados níveis totais mais baixos de homocisteína, do que no restante dos pacientes. Deste modo, concluiu-se no “World Journal of Gastroenterology" que, por mais que seja discutível o efeito da diminuição dos níveis de homocisteína, é fato que a deficiência de Vit.B a longo prazo deve ser evitada e que os pacientes com doença celíaca devem ser suplementados e monitorados quanto a estes índices.
Desde 16 de maio de 2003, é obrigatório por lei federal (Lei nº 10.674) que todos os alimentos industrializados informem em seus rótulos a presença ou não de glúten para resguardar o direito à saúde dos portadores de doença celíaca. Porém, infelizmente, não é sempre que esta norma é respeitada, como ocorreu com uma paciente junto à empresa Nestlé, a qual informava de forma errônea a presença de glúten na caixa de bombons, causando reações da doença neste. Houve um processo judicial e a empresa foi obrigada a pagar indenização por danos morais.
Há uma doença chamada dermatite herpetiforme que está amplamente relacionada com a doença celíaca. Ambas são desencadeadas devido à sensibilidade ao glúten e, desta forma, a profilaxia para elas é a restrição alimentar, porém, como a dermatite herpetiforme é uma forma mais branda de reação intestinal, há remédio para auxiliar no tratamento. A dermatite herpetiforme é caracterizada por manchas vermelhas, erupções cutâneas e bolhas, que causam coceira na região.
Para quem tiver interesse em receitas sem glúten, este site possui excelentes opções:

Referencias:  
 http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=95686#
http://www.medicina.ufmg.br/noticias/?cat=19

Alline Monteiro

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