domingo, 23 de janeiro de 2011

Óxido Nítrico

Bom gente, este é a última vez que posto aqui no blog, e se de tudo que eu escrevi, algo eu memorizei é boa parte resultado de uma das menores e mais importantes moléculas produzidas pelos mamíferos: o óxido nítrico.
Oxído nítrico é um radical livre inorgânico, incolor e gasoso. Esta molécula é benéfica ao corpo apenas em concentrações baixas, pois em maior quantidade é caracterizada como extremamente tóxica, ao passo que, é considerado um dos principais agente poluente encontrado no ar atmosférico.
O óxido nítrico está envolvido em diversos processos corporais, nos mais variados estágios da vida, tais como: controle da circulação placentária, indução das contrações no parto, neurotransmissor com característica potencializadora na memória e no aprendizado, vasodilatador, reposta imunitária ou até mesmo possuindo função endócrina, autócrinas e parácrinas, entre outros.
Síntese:
Sua síntese é dada a partir da L-arginina, um aminoácido semi-essencial utilizado em diversas partes do organismo, como no ciclo da uréia e síntese de poliamidas e creatinina. Como é vastamente utilizada, o corpo criou vias alternativas para produção da L-arginina, tais como conversão de certas proteínas no rim para utilização no ciclo da uréia (síntese ocorre parcialmente no fígado) e através da produção de critrulina (ocorre no epitélio intestino) para conversão em L-arginina (nos macrófagos). A foto a seguir esquematiza este processo:

Na síntese de óxido nítrico, ocorre uma reação química na qual a L-arginina se transforma em um intermediário, a N-hidrox-L-arginina, com a presença de NADPH e Ca2+, os quis necessitam de outras moléculasde NADPH e O2 para então formar L-citrulina e NO.  

Muitas células são capazes de sintetizar NO (isoenzimas), através de hemoproteínas chamadas NO sintases (NOS). As NOS são dependes de NADPH, O2, flavinas e biopterinas para exercer suas atividades. Foram encontradas até hoje três NOS, as quais possuem semelhança estrutural, porém com localização e regulação diferentes, são elas: duas cNOS (constitutivas) e uma iNOS (induzível).

Aplicações:
Em termos gerais, esta molécula é considerada um mensageiro em diversos sistemas do organismo. Porém, há ainda a sua presença no desencadeamento da defesa corporal que cabe destaque.
1.    Sistema Imune:
Participa da primeira resposta de defesa do organismo, possuindo ação antibactericida, antiviral e antiparasítica. Seu mecanismo de toxidade é o responsável pelo sucesso neste processo, tendo em vista que, neste tipo de reação, o NO possui uma concentração mais elevada do que na sua ação como mensageiro, sendo tóxico para os invasores. Em doenças auto-imunes, os níveis de NO se elevam de tal forma que atinge o próprio organismo. Vale lembrar que deve sempre ser levada em consideração a capacidade de depuração tecidual. Foi constatado que ainda não há pesquisas que demonstre a qual concentração tissular de NO este se torna tóxico ao hospedeiro.
2.    Sistema Cardiovascular:
O NO participa de regulação do fluxo sanguíneo, devido a sua constante liberação no endotélio vascular, e neste local, função vasodilatadora. Durante atividade física intensa ocorre dificuldade cardíaca, a qual acaba gerando uma redistribuição do fluxo de sangue para o músculo esquelético e para circulação coronariana. Nesta hora entra a cNOS (isoenzima constitutiva capaz de sintetizar NO) como mediadora deste processo e pode ser otimizada a partir de exercícios aeróbicos regulares.
Outra importante função do NO ainda no sistema cardiovascular é a adesão de elementos sanguíneos (leucócitos e plaquetas) ao endotélio, haja vista que, neste processo o óxido nítrico diminui a permeabilidade vascular. Estudos feitos com gatos, mostraram que a inibição da síntese de NO no intestino levava a uma maior permeabilidade às proteínas mediadas por células inflamatórias como macrófagos, leucócitos, entre outras.
3.    Sistema Respiratório:
Os NO-mensageiros produzidos a partir de cNOS são responsáveis pelo equilíbrio homeostático nas vias aéreas, tendo em vista que, este controla a relação ventilação-perfusão. O óxido nítrico também mantém o calibre brônquico e regula a freqüência dos movimentos ciliares.
A defesa contra agentes externos inalados é feita através das iNOS do epitélio dos brônquios, de modo que, estas fazem entrar em ação os macrófagos do epitélio e os subepiteliais. A menor resistência a infecções bronquiopulmonares está relacionada a isto, adicionando análogos a L-arginina in vitro e in vivo.

4.    Sistema Nervoso:
O NO-mensageiro é considerado um neurotransmissor devido a sua alta capacidade de difusão, ao passo que, para penetrar no citoplasma celular, não necessita de receptores na membrana, resultando em uma resposta rápida e precisa.
Como já foi dito, o NO está relacionado à memorização (principalmente a memória recente), localizada no hipocampo. Dentre os neurotransmissores excitatórios do SNC, destaca-se o glutamato, o qual possui uma subclasse, localizada entre os receptores, denominada N-metil-D-aspartato (NMDA) – estudos provam que bloqueio na produção deste leva a dificuldade de aprendizado.
Na sinapse, o glutamato é liberado e liga-se ao receptor NMDA, durante esta união, o Ca2+ entra no citoplasma do neurônio e inicia a produção de cNOS. Desta forma, o NO é liberado na pós-sinapse, funcionando como mensageiro do processo, o qual se repetirá posteriormente.


Suplementação:
Diversas vezes encontram-se produtores de suplementos alimentares fazendo promessas de suplementação de óxido nítrico, principalmente devido a sua função vasodilatadora, a qual deixaria, teoricamente, os músculos inchados. Porém, infelizmente, até os presentes estudos, não é possível fazer suplementação de NO, devido as suas características químicas.
Porém, é possível fazer suplementação de arginina, por mais que a eficiência para o resultado esperado (alteração metabólica) não possa ser comprovado. Pesquisas mostram que a presença de arginina não é suficiente para que ocorra síntese de NO, já que, no organismo, a quantidade de arginina disponível para tal, é milhares de vezes maior do que o realmente necessário e a reação mesmo assim não se processa. Entretanto, a suplementação de arginina em determinadas patologias como altos níveis de colesterol e doenças vasculares se mostrou eficiente, de modo que, melhora a função endotelial nos pacientes. (Drexler et al., 1991; Creager et al., 1992; Dubois-Rande et al, 1992; Clarkson et al., 1994; Boger et al., 1995; Ceremuzynski et al., 1997; Tousoulis et al., 1997).
Referências:
Postado por: Alline Monteiro

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